Da metade do outono em diante, quando as águas começam a congelar na Antártica, as baleias Jubarte (Megaptera novaeangliae), iniciam sua migração em grupos à procura de águas mais quentes, fugindo assim do inverno antártico e buscando locais ideais para acasalar e reproduzir.
O único local do atlântico sul onde elas se reproduzem é justamente em Abrolhos, sendo que lá elas permanecem de julho até meados de dezembro.
Isso ocorre basicamente por três fatores:
1- Temperatura da água elevada.
As baleias Jubarte possuem uma espessa camada de gordura ao redor do corpo que, além de ser uma reserva energética, proporciona um isolamento térmico, protegendo-a do frio.
O filhote nasce com uma camada de gordura um tanto fina ao redor do corpo, se ele nascesse em locais com águas de baixa temperatura provavelmente não suportaria o frio e acabaria morrendo.
Abrolhos possui uma temperatura média da água durante o ano em torno de 25,5° C o que é considerado uma temperatura bastante amena.
2- Região de baixa profundidade e águas calmas.
Após o nascimento, a mãe auxilia o filhote no início do processo respiratório, levantando-o até a superfície para que ele possa respirar.
A profundidade ao redor do arquipélago fica em torno de 20m e as águas são relativamente calmas, fatores que facilitam esse processo.
3- Ausência de Orcas.
Pois são predadoras naturais da baleia Jubarte.
O ciclo reprodutivo dessas baleias inicia-se após o acasalamento, que ocorre na região do arquipélago. A partir daí elas migram para a Antártica onde ficam se alimentando até o final da gestação, então voltam novamente à Abrolhos para terem seus filhotes.
O período completo desse ciclo é de 11 meses, coincidindo assim com o tempo de gestação do animal.
Ao nascer, o filhote mede de 4 a 5m pesando de 1,0 a 1,5 toneladas, e quando adulto pode chegar a 16m e pesar até 40 toneladas.
Enquanto estão na Antártica, as baleias Jubarte se alimentam principalmente do krill (Euphausia), um pequeno camarão encontrado em abundância, além de outros pequenos crustáceos.
Com isso, constituem aquela camada de gordura que serve de reserva energética para o tempo em que estão longe do continente gelado, ou seja, as baleias só se alimentam no período em que estão na Antártica, com exceção dos filhotes, que recebem o alimento por parte da mãe desde o momento que nascem em águas tropicais, até voltarem às águas frias, época em que já terão também uma camada de gordura espessa o suficiente para garantir sua sobrevivência.
As fêmeas alimentam seus filhotes da seguinte forma:
Como não possuem mamas exteriorizadas (o que as auxiliam em relação a hidrodinâmica), as fêmeas, a partir de contrações abdominais, jorram o leite na água através de duas pequenas fendas na região ventral, estimuladas por pequenos toques promovidos pelo filhote.
Como esse leite possui uma alta taxa de gordura (em torno de 40%), ele não se dissolve na água, formando placas, como um plasma, que são abocanhadas pelo filhote.
Dessa forma o filhote mama, em média, 100 litros de leite por dia.
Em toda a temporada reprodutiva chegam à Abrolhos cerca de 1.500 à 1.800 baleias, sendo que o pico são nos meses de agosto e setembro.
Esses dados são obtidos através de estatísticas, e a identificação é possível graças as variações das manchas preta e branca existentes na região ventral da nadadeira caudal, servindo como uma impressão digital, através da qual se consegue individualizar o animal.
Conhecidas por seu temperamento dócil, desenvolvido sistema de vocalização e freqüentes acrobacias, são um espetáculo à parte para quem visita o arquipélago.
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